Calma que não vou falar de queimadas nem efeito estufa. Eu me refiro, claro, a Clima Organizacional. Muitas empresas investem pesado para criarem bons ambientes de trabalho, de modo que seus funcionários sejam mais produtivos. Criam programas internos e contratam consultorias para estamparem selos em suas páginas e atraírem os melhores candidatos.
Mas será que os títulos de melhores empresas para trabalhar realmente significam que a empresa é boa para trabalhar? Será que ser boa e parecer boa são a mesma coisa?
Em primeiro lugar, um bom clima não significa, necessariamente, que as pessoas se deem bem, de fato. Elas podem simplesmente abafar os conflitos em nome da imagem. As pessoas deixam de negociar para não terem que se indispor umas com as outras. Elas vão se acomodando para não precisarem discutir. O outro nome disso é bomba-relógio.
Em segundo lugar, um bom clima pode fazer com que as pessoas evitem até os atritos mínimos, os conflitos produtivos e os debates de ideias. Assim, elas buscam acordos rápidos e consensos acelerados, privilegiando relacionamentos em detrimento dos efeitos positivos da diversidade. Perdem em criatividade e ignoram as melhores soluções. O outro nome disso é groupthink.
Bons relacionamentos podem ser um sinal de que as pessoas estão evitando a cooperação para não terem que aceitar ou impor os custos dos ajustes.
Yves Morieux
É por isso, também, que negociar com amigos e parentes tende a trazer resultados subótimos: a gente não quer brigar.
Conflitos são parte natural da convivência humana. Steve Jobs ficou conhecido por sua visão inovadora, não pela harmonia que trazia ao grupo (nenhuma). Ser iconoclasta tem seu preço - individual e coletivo.
Obviamente que os conflitos não precisam escalar para inimizades nem climas tóxicos. Respeito, tolerância e empatia continuam na ordem do dia. Resolver problemas também.
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