Em 2005, o governo americano anunciou um plano para aumentar a doação de comida para países em extrema necessidade. E como é comum na política, houve várias manifestações a favor e contra a medida.
Curiosamente, um dos grupos contrários era um conjunto de ONGs cuja missão era exatamente aumentar a ajuda humanitária às nações mais pobres. O que explicaria este posicionamento, aparentemente irracional, já que contradiz a simples existência daquelas organizações?
Para responder essa pergunta é preciso olhar um pouco mais a fundo a forma como as ONGs vinham agindo:
Basicamente, as ONGs se juntaram aos produtores americanos para pressionar o governo a ajudar os países mais necessitados. A conta era simples: quanto mais ajuda, mais os produtores vendem.
Mas no plano atual os números eram bem maiores e, para não onerar muito o orçamento, o governo precisaria baixar os preços pagos pelos alimentos. Isso significava recorrer a outros fornecedores ou, mais especificamente, passar a comprar de países em desenvolvimento - o que tiraria os produtores americanos da jogada.
Este movimento deixava de lado, portanto, os principais parceiros das ONGs na promoção da ajuda aos países carentes. Logo, eles se manifestaram contra.
O que este caso ilustra é que muitas vezes nós rotulamos uma ideia, uma decisão ou um posicionamento como irracional quando, na verdade, nós é que não entendemos a lógica por trás.
Mesmo que seja uma lógica toda particular, baseada em premissas ou posicionamentos que nós, pessoalmente, não concordamos, ela pode fazer todo o sentido para a outra pessoa. E aí não importa se concordamos ou não. Nós só precisamos entender a linha de raciocínio e decidir que comportamento adotar.
E lembre-se: entender é diferente de concordar.
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