13/04
Não sei onde os tradutores estavam com a cabeça ao criar este título, porque muita gente não deve perceber que este livro é sobre Tomada de Decisão.
Sempre gostei do trabalho dos irmãos Dan e Chip Heath, principalmente por seus livros abordarem temas importantes para o nosso dia a dia, ao mesmo tempo em que dão conselhos práticos, úteis e fáceis de adotar.
Gente que Resolve foca na tomada de decisão — e se você já me acompanha há algum tempo, sabe que abordo a negociação como uma tomada de decisão em conjunto. Daí a relevância de entender bem o assunto do livro.
Fora as negociações, tomar decisão é algo que a gente faz o tempo todo, na maioria das vezes sem perceber. Desde que você acorda, você escolhe se levanta imediatamente ou enrola mais um pouco; se olha o celular ou pula da cama; se toma banho antes ou prepara o café; se vai usar a camisa branca ou a azul e assim segue seu dia. Decisões triviais que você sequer se dá conta.
Mas algumas decisões têm maior impacto na sua vida — e é exatamente para essas que o livro foi escrito. Basicamente, eles apontam os maiores erros que cometemos ao tomar decisões e é a partir deles que a gente consegue melhorar a qualidade das nossas ações.
Tenha mais opções para escolher
Muita gente ainda enxerga uma tomada de decisão como uma escolha entre duas opções. Pior ainda, essas duas opções normalmente são uma só, porque a pessoa está dividida entre fazer ou não uma determinada coisa. Ora, essa coisa conta como uma opção, não duas.
E quando precisamos tomar uma decisão, normalmente há uma série de alternativas a serem consideradas. Dificilmente é uma escolha binária, entre A ou B — ou pior, entre A e não-A. E estatisticamente falando, é muito improvável que dentre múltiplas opções você tenha escolhido exatamente a correta, não é?
Como os autores são essencialmente práticos, há várias sugestões interessantes sobre como expandir seu horizonte de busca por alternativas viáveis. Desde o bom e velho benchmarking até situações em que você se obrigue a descartar sua primeira escolha. É tudo uma questão de esforço e dedicação, mas ao menos na versão que eu li, eles não dizem que é fácil.
Dê um choque de realidade às suas premissas
Muita gente olha para uma situação e imediatamente uma solução já vem à mente. Seja porque já fez assim antes ou porque sempre funcionou. Mas as coisas mudam, as pessoas mudam, as situações mudam. E o piloto automático não costuma levar estes movimentos em consideração.
Uma nova tecnologia transforma grandes investimentos em entulhos obsoletos.
Um novo gerente pode viabilizar o projeto engavetado pelo antecessor.
Uma recessão pode inverter as preferências dos consumidores.
Decisões não são tomadas no vácuo e, por isso, devem sempre ser vistas e revistas, experimentando novas realidades, simulando contextos diferentes.
Tente ver suas decisões com outros olhos
Um dos principais problemas ao tomar decisões é controlar as emoções. E isso é particularmente desafiador porque, na maioria das vezes, nem percebemos que estamos sob o efeito desta ou daquela emoção e, assim, não conseguimos prever, tampouco evitar seus efeitos.
Por isso é importante tomar certo distanciamento para que suas decisões não sejam tão influenciadas pelo calor do momento. Não se trata, é claro, de negar o papel das emoções nos processos decisórios, muito menos tentar dominá-lo ou elimina-lo — o que seria uma enorme pretensão. O objetivo aqui é muito mais no sentido de reconhecer, entender e adaptar.
Esteja preparado para errar
Tomar decisões, como quase tudo na vida, envolve erros e acertos. Mas aqueles só se transformam nestes se nós estivermos dispostos a reconhecer nossos erros e aprender com eles.
Você pode criar seus próprios mecanismos de controle para avaliar os resultados da sua decisão e, assim, ter um inventário acompanhando erros e acertos. Mas você só poderá fazer isso se tiver um bom registro de suas premissas, suas definições do problema, suas tentativas de soluções e suas medições de resultados. De outro modo, é só mais uma loteria.
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