O Efeito Halo foi, sem dúvida nenhuma, um dos livros mais importantes na minha formação profissional. Lançado lá fora em 2007, só agora o título ganha uma versão nacional à altura do que o conteúdo entrega.
Em seu estilo contundente e assertivo, Phil Rosenzweig questiona boa parte do que pregam os gurus da gestão e abre caminho para uma profunda revisão das nossas próprias crenças pessoais. Foi a partir desta obra, por exemplo, que comecei a tomar gosto pelas ilusões ou vieses cognitivos e o impacto que eles têm em nossos processos de tomada de decisão.
O Efeito Halo
A ilusão cognitiva que dá nome ao livro advém do fato de estimarmos o particular através do todo, isto é, partindo de uma observação (muitas vezes superficial) sobre determinado elemento, fazemos suposições sobre os componentes deste elemento.
Em outras palavras, significa identificar uma empresa de sucesso e supor que o CEO é um gênio, seus funcionários são superdotados, a cultura é perfeita, os produtos sensacionais e assim por diante. E vice-versa.
Durante muito tempo a Cisco foi essa empresa: no início dos anos 2000 ela valia mais de US$ 550 bilhões. John Chambers era o visionário CEO, carismático e estrategista; seus funcionários eram exemplos de motivação, orgulho e paixão pelo trabalho; a cultura organizacional era invejada no mundo corporativo.
Em menos de doze meses suas ações caíram de US$ 80,00 para US$ 14,00 pulverizando US$ 400 bilhões. John Chambers, outrora herói transformara-se num tirano arrogante. A empresa afogava-se em seu próprio orgulho e ia a mercado comprando a esmo, perdendo foco.
A mesma Cisco.
Será que as pessoas, a cultura, o CEO mudaram tanto assim num ano? Improvável. Mas a narrativa precisou mudou drasticamente para continuar se encaixando no que as pessoas (e os jornalistas) conseguiam enxergar.
A Ilusão da Correlação e Causalidade
Você sabia que há uma correlação quase perfeita entre o consumo per capita de chocolate de um país e o número de prêmios Nobel que este país ganhou? E que o consumo anual de margarina varia da mesma forma que a taxa de divórcios do estado no Maine, nos EUA?
Mas o que uma coisa tem a ver com a outra? [Nada.]
Então como uma coisa causa a outra? [Não causa.]
Uma coisa é correlação (duas coisas acontecerem juntas e apresentarem uma correlação parecida), outra coisa — completamente diferente! — é causalidade (uma causar a outra).
Resumindo: o fato de duas coisas acontecerem juntas não quer dizer que uma cause a outra. Provavelmente é apenas coincidência.
A Ilusão da Explicação Única
Uma vez trabalhei em uma empresa gerenciando uma linha de produtos. Num mês específico, um destes produtos teve um crescimento notável de market share (com posterior regressão à média), sem que tivesse havido algo fora do normal. Um colega de trabalho tratou de atribuir a variação a um folheto distribuído naquele período.
Ora, o marketing da empresa era composto por várias iniciativas concomitantes. Folhetos, promotores, publicidade em veículos especializados e tantos outros investimentos que é praticamente impossível apontar um único causador para o fenômeno observado.
Ainda assim, os gestores teimam e dizer que são capazes desta mágica... (Mais tarde encontrei meu concorrente, que me disse que naquele exato período, houve um problema de importação na sua empresa e, por isso, seus clientes ficaram desabastecidos. Ou seja, meu grande salto de market share foi causado por um problema no abastecimento do concorrente e, desta vez, eu não tive nenhuma influência sobre o resultado.)
A Ilusão da Física Organizacional
Desde que Copérnico desvendou o movimento dos astros no Sistema Solar e Newton criou equações capazes de calcular suas trajetórias, gestores de empresas buscam maneiras de aplicar os conhecimentos da Física na Administração de Empresas.
Só esqueceram de combinar com as pessoas que trabalham nessas empresas — e, conforme sabemos, não se comportam feito máquinas. Fora isso, funciona super bem!
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muito bom!